Recentemente, ganhou as manchetes da imprensa a notícia do vazamento de dados de mais de 100 milhões de usuários de celulares no Brasil. O assunto é grave no sentido em que essas informações podem ser utilizadas para que golpistas, munidos de dados como nome, CPF, número de celular, endereço, entre outras informações, possam cometer crimes.

Vazamento de dados não é novidade no Brasil. Em 2020, cerca de 200 milhões de brasileiros tiveram as suas informações sensíveis cadastradas no SUS e pelos planos de saúde expostas por uma falha no sistema do Ministério da Saúde, por cerca de seis meses.

No Brasil há a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018), em vigor desde setembro de 2020. Segundo o Art. 1º, “…Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.”

Argemiro Aguiar, sócio-diretor da SinergyTech, que gerencia dados de bancos e empresas de cobrança do Brasil, comenta que as instituições financeiras já estão normatizadas de acordo com os artigos da LGPD. “Os bancos já trabalham com base em normas de proteção de dados antes mesmo da lei entrar em vigor. Assim, acredito que hoje é o setor mais preparado para proteger os dados de seus clientes”.

A chave para reduzir os riscos de vazamentos, segundo Argemiro, é rever todos os processos que envolvam acesso aos dados. “As empresas devem criar mecanismos para restringir o acesso aos dados de áreas ou pessoas que não tenham a real necessidade. Além disso, é importante ter os registros dos acessos de todos os usuários autorizados para identificação da fonte de um possível vazamento”, diz.

Argemiro indica que a LGPD veio, também, para extinguir um velho hábito das empresas de armazenar os dados em planilhas. “Com a adoção de sistemas onde é possível rastrear e restringir o acesso aos dados, a utilização de Inteligência Artificial também reduzirá a necessidade de acesso aos dados pelos humanos, realizando muitas operações de forma autônoma e segura contra ocorrências como essas que temos visto, como os vazamentos de dados”, afirma.